O Aluno com Paralisia Cerebral em Contexto Educativo

07-07-2014 20:05

Quando nos reportamos a alunos com NEE de caráter motor, das quais destacamos a Paralisia Cerebral (PC), a sua especificidade de grau e de manifestações, frequentemente associadas, pressupõe a necessidade de medidas educativas muito diversificadas.

A Paralisia Cerebral (PC) encontra-se descrita como uma perturbação do controlo neuromuscular, da postura e do movimento resultante de uma lesão estática, que afeta o cérebro durante o período de desenvolvimento (Andrada, 1982). Trata-se de uma alteração persistente do movimento e da postura causada por um processo patológico no cérebro imaturo, dando lugar a um grupo de afeções caracterizadas por disfunção motora, cuja principal causa é a lesão encefálica precoce, não evolutiva, de origem fetal ou infantil (Rosenbaum et al., 2005). Constitui não propriamente uma patologia específica, mas corresponde a um conjunto de situações caracterizadas pela existência de sequelas, essencialmente motoras, originadas por lesões cerebrais não evolutivas e sem défice intelectual preponderante.
 

Um dos principais pré-conceitos em relação aos alunos com PC aponta para o facto de estas crianças serem erradamente associadas a perturbações intelectuais e enquadradas em medidas educativas restritivas. Esta situação decorre frequentemente pelo facto de não lhes ter sido realizada uma avaliação que traduza de forma fiel as suas competências, constituindo, esta atitude, uma barreira ambiental significativa com impacto na sua atividade e participação, comprometendo o “sucesso para todos” (Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de Janeiro) que a lei preconiza.
É de realçar, no entanto, que em função da heterogeneidade de situações, muitos alunos com PC podem adquirir e desenvolver as competências pedagógicas ao nível do seu grupo etário (com a variabilidade que tal implica) e acompanhar um curriculum regular.  A implementação de estratégias pedagógicas diferenciadas na intervenção com alunos com PC, pode ser coadjuvada pelo suporte que as tecnologias de informação e comunicação (TIC) representam nas adaptações/adequações curriculares. A introdução de sistemas de comunicação alternativa/aumentativa (sempre que se revelarem facilitadores) deverá ser considerada o mais precocemente possível, atendendo a que a sua funcionalidade representa o sustentáculo de onde emergirão, quer as interações sociais, quer todo o referencial ao nível das aprendizagens formais e informais.

 

Dos professores é esperado que respeitem as potencialidades dos alunos, e de cada aluno com NEE e que sejam facilitadores das suas aprendizagens, com a colaboração de outros profissionais, e que desenvolvam estratégias diferenciadas no sentido da qualidade do processo inclusivo. Um trabalho de colaboração estreita entre a família e os profissionais que desenvolvem uma intervenção com o aluno com PC, não só o corpo docente e discente, bem como a Equipa de (re) habilitação que o acompanha, é essencial na definição de metodologias e estratégias conjuntas e concertadas, com definição de objetivos exequíveis, e tomada de decisão quanto aos produtos de Apoio (CIF-CJ, 2004) a adotar.  

 

Fonte: O ALUNO COM PARALISIA CEREBRAL EM CONTEXTO EDUCATIVO: DIFERENCIAÇÃO DE METODOLOGIAS E DE ESTRATÉGIAS 

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