Qual o papel do professor de Educação Especial?

04-11-2014 16:43

Numa entrevista dada em 2011, o professor David Rodrigues, presidente da ANDEE (Associação Nacional de Docentes de Educação Especial), questionado sobre o que é ser hoje professor de educação especial, afirmou: “Há dois anos atrás, num congresso, pedimos aos participantes para definirem numa palavra o que consideravam ser um professor de educação especial. E a palavra que apareceu foi bombeiro. Isto tem um aspeto positivo, obviamente. Os bombeiros são pessoas em quem confiamos, são pessoas benignas na sociedade. Mas também tem um aspeto menos positivo, que é o facto – falando em português corrente – de o professor ser assim considerado como pau para toda a obra. De certa maneira, quando se faz esta comparação, a ideia subjacente é de ausência de uma identidade profissional bem definida.”


    Existe de facto, por vezes, um desconhecimento quanto ao papel do professor de educação especial, que terá que ser visto como um recurso fundamental para fomentar e implementar a Inclusão, em articulação com os restantes professores do ensino regular. Estudos realizados, concluíram que a colaboração entre a educação especial e a educação regular, quando é eficaz, beneficia todos os alunos e também os professores que se sentem renovados e entusiasmados. Além disso, estes estudos relatam melhorias dos alunos com necessidades educativas especiais quanto a seu desempenho académico, autoestima, motivação, habilidades sociais e relacionamento com os pares.
    Partindo das investigações referidas, ressalta a ideia principal de que a estreita articulação na divisão das tarefas na planificação, apresentação, avaliação e, em suma, no trabalho desenvolvido na sala de aula, irá refletir na construção de bom ambiente de ensino-aprendizagem, e será fundamental para a promoção da inclusão e do sucesso escolar de todos os alunos, principalmente daqueles com necessidades educativas especiais.
    Esta articulação ganha mais importância na medida em que, na conceção inclusiva, os alunos estão juntos na mesma sala de aula e a articulação entre os docentes do ensino regular com os de educação especial, na perspetiva da inclusão, deve ocorrer em todos os níveis e etapas do ensino.
    Correia (2003) defende que, para a concretização da filosofia inclusiva, o papel do professor titular de turma deve conciliar-se com o papel do professor de educação especial, com o dos pais, para que todos eles, em colaboração, possam desenhar estratégias que promovam sucesso escolar.
    As dificuldades que se colocam à realização de trabalho em articulação entre estes dois grupos profissionais, passam, pela escassez de tempo, pela organização do trabalho definida essencialmente pela gestão dos estabelecimentos e pela formação específica, para que possam desenvolver trabalho diferenciado de modo a que não se exclua ninguém.
    A implementação de uma dinâmica de trabalho colaborativo e diferenciado deve ser tida como o motor para a inclusão dos alunos com NEE, como defende Damiani (2008), quando refere estudos de Creese, Norwich e Daniels (1998) realizado em Inglaterra, que apresentam evidências de que as escolas em que predominam culturas colaborativas são mais inclusivas, isto é, apresentam menores taxas de evasão e formas mais efetivas de resolução de problemas dos estudantes.
    Em forma de conclusão, torna-se assim primordial que sejam criadas nas escolas todas as condições necessárias a prática da articulação entre estes dois grupos de docentes, para que o trabalho de articulação que é desenvolvido essencialmente em sala de aula, quando existe possibilidade de o professor de educação especial lá estar, seja também realizado fora da sala, para a planificação, criação de materiais e avaliação de modo mais efetivo e eficiente.

 

 

Fonte:A articulação pedagógica do Professor do Ensino Regular com o Professor de Educação Especial  / Educação Especial: Um grito de mudança

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